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Ranking das Fraudes: genéricos dos laboratórios que mais fraudam são mais empurrados nas farmácias

A pesquisa para comprovar a troca do genérico por similar bonificado realizada em 120 farmácias foi gravada com câmera escondida e mostra que os beós empurrados são de laboratórios campeões em falsificação.

A má qualidade dos insumos importados da China, juntamente com a falta de ética e capacidade técnicas donos de laboratórios são a raiz da má qualidade de muitos medicamentos fabricados no Brasil, principalmente com genéricos de uso contínuo consumidos massivamente pela população brasileira.

A lista de genéricos bonificados falsificados é enorme

Veja a lista de genéricos e similares bonificados para o tratamento de hipertensão e outras cardiopatias fabricados com insumos oriundos da China interditados recentemente:

Entre eles os genéricos Atenolol 25 mg, Besilato de Anlodipino 5 mg, Besilato de Anlodipino 10 mg, Captopril 25 mg, Furosemida 10mg, Hidroclorotiazida e Propranolol 40 mg. Entre os similares estão o Benopril, o Menocol e o Vasopril, todos eles interditados por conta de resultados laboratoriais insatisfatórios.E com toda certeza —porque as ordens de interdição da Anvisa nunca são cumpridas—as milhões de unidades de todos os produtos fraudulentos foram consumidas pela população brasileira. E se o leitor duvidar, basta ir a uma vigilância sanitária ou a um fabricante de beó mais próximo e solicitar um relatório para comprovar o suposto recolhimento.

Exemplos de reincidência em fraudes de medicamentos no país não faltam. Um deles é o anti-hipertensivo Losartana com princípio ativo chinês que já sofreu quatro interdições recentemente: em 2016, em 2017, em 2019 e em 2022.

Os medicamentos foram interditados devido à presença da impureza cancerígena, por apresentar princípio ativo abaixo do indicado pelo fabricante ou porque não passou no teste de dissolução (a absorção pelo organismo não acontece igual ao medicamento de referência).

Só em 2019 foram interditados 225 lotes do Losartana fabricados pela maioria dos laboratórios nacionais como EMS, Legrand, Nova Química e Germed. Novamente em 2022 —provando que os laboratórios nacionais são reincidentes em fraudar os próprios produtos—foram interditados mais 100 lotes de genéricos de fabricantes nacionais com princípio ativo losartana importado da China.

Vale ressaltar que cada lote do Losartana dos grandes fabricantes —principalmente quando se trata de medicamento de uso contínuo também fornecido nas farmácias públicas e pelo sistema Farmácia Popular— representa centenas de milhares e até milhões de unidades.Para o leitor ter ideia da quantidade de medicamentos que um único lote representa, em 2017 a Cimed iniciou a produção experimental do protetor labial Carmed com 400 mil unidades.

Já em 2023 a empresa amarelinha fabricou mais de 22 milhões de unidades do Carmed. Então dá para imaginar que um único lote de um medicamento consumido tal qual arroz com feijão no país afora é de milhões de unidades.

No entanto, as interdições só serviram para mostrar que as ordens da Anvisa não significa nada. No caso das losartanas chinesas interditadas em 2022, um mês após a ordem de recolhimento, a medida foi revogada pela própria Agência —obviamente algum político do primeiro escalão foi lá e deu carteirada!— que pulou para trás e reconsiderou o produto como ótimo e seguro.

E interferência de políticos —muitas vezes corruptos e incompetentes— sempre acontece na Anvisa, instituição governamental que cumpre mais papel de cabide de empregos do que outra coisa.

Prova disso foi a interferência na Anvisa do político de carteirinha Ricardo Barros em 2017 quando foi Ministro da Saúde —sem ter a mínima experiência na área de saúde pública— e deu carteirada para obrigar a Agência autorizar a compra do Asparaginase chinês. Barros queria comprar milhões de unidades do beozão chinês para fornecer aos hospitais do SUS. No entanto a porcaria chinesa que supostamente ajudava no tratamento de leucemia em crianças provocava mais efeitos colaterais do que benefícios.Afinal, como pode um medicamento considerado cancerígeno se transformar —como por passe de mágica— em produto ótimo no mês seguinte? Ainda mais considerando que estamos no Brasil, onde testes em medicamentos demoram uma eternidade.

Tudo isso também é a Anvisa fazer os milhões de brasileiros hipertensos consumidores do Losartana genérico de otários! Os casos específicos e reincidentes de fraudes das losartanas chinesas mostram que a Anvisa e o governo brasileiro estão socando toneladas e mais toneladas de medicamento bom para otário goela abaixo —ou enfiando acima em outro lugar— do povo brasileiro!

E o pior em tudo isso  —enquanto a Anvisa, as visas e os laboratórios não provarem o contrário— é que nenhuma unidade das losartanas chinesas foi efetivamente retirada das prateleiras das mais de 100 mil farmácias espalhadas pelo Brasil enquanto estavam interditadas!Para mostrar que os medicamentos interditados pela Anvisa não foram recolhidos das farmácias, solicitei relatórios do suposto recolhimento do Losartana nas vigilâncias sanitárias municipais e estaduais das cidades de Foz do Iguaçu, Toledo e Curitiba (PR), em São Jerônimo (RS) São Paulo e Rio de Janeiro. Nenhuma delas, seja visa estadual ou municipal nenhuma delas tinha o relatório e nem mesmo um único auto de apreensão (documento preenchido na farmácia no ato do recolhimento) para comprovar o cumprimento da ordem Anvisa.

Parece óbvio que fármacos caros importados da China correm tanto risco de adulteração quanto a cocaína. Muitos insumos chineses —já que a Anvisa não fiscaliza nem realiza testes para evitar isso— são tão batizados quanto a cocaína, que têm o peso triplicado com porcarias antes chegar ao usuário final.

Para o médico e coordenador da Sobravime, “Se os fabricantes de beós pagam propina que incentivar a empurroterapia então fazem coisas muito piores!”

O médico sanitarista, doutor em Ciências, coordenador da Sobravime, especialista em políticas de medicamentos com mais de 40 anos de experiência, tradutor e autor de mais de 50 obras sobre as áreas de saúde pública e políticas de medicamento José Ruben de Alcântara Bonfim alerta: “Se a indústria farmacêutica paga bonificação então coisas muito piores acontecem no setor farmacêutico, porque o favorecimento da venda de medicamentos nas farmácias mediante o pagamento de propina é antiético e criminoso! A Sobravime sempre se manifestou contrária às más práticas farmacêuticas observadas no país. O comércio de medicamentos no país tem lucros inimagináveis alavancados pela da empurroterapia. Essa prática nasceu como política comercial dos primeiros pequenos laboratórios de capital nacional e persiste até hoje para enfrentar a concorrência com as indústrias farmacêutica multinacionais. O problema é antigo e persiste no país porque não existe controle sanitário nessa área. A exemplo do que se observa nos países desenvolvidos, no Brasil deveria haver um certo controle e cuidados na venda de medicamentos por causa dos riscos que podem causar. A bonificação e a empurroterapia deveriam ser inaceitáveis pelas autoridades sanitárias brasileiras porque a propina sempre vai estimular a troca do medicamento prescrito pelo médico por produto bonificado, além de favorecer a venda de produtos muitas vezes de origem e qualidade duvidosas simplesmente porque oferecem lucros maiores para as farmácias. A empurroterapia é propiciada por acordos comerciais entre os laboratórios e as farmácias, que resultam no pagamento de bonificação pela venda de determinados produtos. A prática é desonesta e antiética porque incita a venda exagerada e desnecessária de medicamentos nos balcões das farmácias ou drogarias. Aí às vezes me pergunto: ‘porque isso nunca acaba no Brasil?’ ‘O que fazem nossas autoridades sanitárias que não cumprem o papel de fiscalizar?’ Porque a empurroterapia é uma prática antiética, fraudulenta, criminosa e tão danosa à saúde da população que jamais deveria existir! Essa distorção ética e comercial observada na venda de medicamentos produz graves danos à saúde e deve ser coibida pelos órgãos de vigilância sanitária. A prática da empurroterapia é uma infração grave sob todos aspectos, sejam eles éticos, comerciais e principalmente de saúde. Porque no geral a prática só beneficia as empresas e maus profissionais que praticam a fraude. O paciente e consumidor de modo geral não deve aceitar esse tipo de manipulação de forma nenhuma. Quem garante as condições de fabricação, qualidade, segurança e eficácia do produto trocado pelo medicamento da prescrição médica? O risco para o paciente é grande porque existem fraudes graves como a falsificação e o controle sanitário é ineficiente. Para um medicamento ser eficaz não basta a boa qualidade do seu princípio ativo. Também é necessário o laboratório cumprir as normas de fabricação. É preciso capacidade técnica do laboratório. E acima de tudo é preciso ética e comprometimento do empresário fabricante e dos profissionais envolvidos em todo o processo de fabricação, desde a aquisição da matéria-prima até a distribuição do medicamento. E principalmente competência e interesses dos órgãos e instituições públicas para fiscalizar e punir os fraudadores.

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