Medicamentos falsificados contrabandeados do Paraguai são vendidos clandestinamente em farmácias e livremente pela internet: remédios proibidos como o Cytotec, Ritalina, anfetaminas e anabolizantes são facilmente encontrados.
A população brasileira consome todos os anos toneladas de medicamentos falsificados que entram ilegalmente no país através das fronteiras secas e fluviais com o Paraguay.
Remédios ineficazes e perigosos para a saúde —como o Dualid S, Desobesi M, Viagra, Ritalina, Durateston e Deca Durabolin— chegam às prateleiras das farmácias através de contrabandistas que abastecem distribuidoras sem escrúpulos que atuam na ilegalidade e lucram alto revendendo medicamentos falsificados e com fabricação proibida no país.
Segundo o delegado da Receita Federal Rafael Dolzan, só só na região de Foz do Iguaçu, todos os anos, a fiscalização da Receita Federal na região de fronteira em Foz do Iguaçu apreende mais de R$ 10 milhões em medicamentos falsos contrabandeados principalmente da vizinha Ciudad del Leste, no Paraguay.
“O lucro alto obtido com o contrabando de medicamentos é um forte atrativo para a criminalidade”, diz Dolzan.
O lucro obtido com o contrabando de medicamentos chega a 900 %. O lucro é tanto com o comércio ilegal de medicamentos que a atividade criminosa só perde para o contrabando de cigarros, drogas e armas. Um exemplo é o Cytotec (remédio utilizado para provocar aborto e proibido no Brasil desde 1998): o preço médio da unidade do comprimido no Paraguai é R$ 10 e quando alcança o território brasileiro chega a custar até R$ 200 o mesmo comprimido.
“Quando chegam no Brasil os medicamentos falsos são vendidos em farmácias, na internet e até por camelôs”, alerta o delegado Dolzan.
A fabricação do Dualid-S (abaixo) foi proibida no Brasil em 2011 mas a venda ilegal do remédio falso contrabandeado do Paraguai acontece em muitas farmácias.
O depósito da Receita Federal em Foz do Iguaçu vive abarrotada com toneladas de amostras dos medicamentos apreendidos: para cada item apreendido pelo menos 15 são comercializados clandestinamente em farmácias e livremente pela internet.
A anfetamina Sibugrás (abaixo) usada por motoristas como rebite é uma das mais contrabandeadas pelo lucro agregado: no PY custa R$ 20 e no Brasil chega a valer R$ 70 a cartela com 10 cápsulas.
Suplementos alimentares e anabolizantes falsificados
Além de medicamentos, também os suplementos alimentares e anabolizantes utilizados por fisiculturistas e praticantes de academia são contrabandeados do Paraguai para a venda em todo o Brasil.
O Cytotec usado no aborto é vendido livremente na internet
Milhares de Cytotec utilizado para fazer aborto clandestino são apreendidos nas mãos de contrabandistas todos os anos: no Paraguai a caixa com 30 comprimidos custa cerca de R$ 250 e quando entra no Brasil apenas 4 comprimidos necessários para o aborto passa a valer até R$ 1.500.
Sem fiscalização da Anvisa, comércio de remédios falsos acontece em todo o Brasil
Na única operação para fiscalizar farmácias (realizada pela Anvisa desde que a Agência foi criada em 1999) aconteceu em duas cidades do sertão nordestino em 2010: na época foram apreendidos mais de 5 toneladas de medicamentos falsos oriundos do Paraguay, a maioria deles psicotrópicos como o Ritalina, o abortivo Cytotec e cópias falsificadas do Viagra e Cialis indicados para disfunção erétil.